5 de janeiro de 2009

Hello, Pretty Pretty!



Criada em 1962 pelo escritor e ilustrador francês Jean Claude Forest, a personagem de quadrinhos Barbarella escandalizou a sociedade francesa da época devido o conteúdo erótico de suas histórias, mas com o tempo ganhou fama e virou ícone do movimento feminista pela sua liberdade sexual. Essa personagem de ficção científica virou filme, encarnada por Jane Fonda nos cinemas em 1968, influenciou gerações pelos contextos que beiram o absurdo, um maravilhoso absurdo.

No ano de 40.000 D.C., na galáxia já não existem mais guerras ou qualquer conflito, mas a criação de uma suposta arma pelo Doutor Duran Duran (Milo O`Shea) cujo o nome inspirou a famosa banda de rock new wave, não deixa outra escolha para o Presidente da Terra (Claude Dauphin) a não ser convocar a “astronavegadora” Barbarella (Fonda) para garantir a segurança da Galáxia.

Viajando pelo espaço com um leque de modernidades em sua nave, Barbarella chega ao planeta Lythion, lá ela encontra diversas dificuldades e esbarra em vários personagens que no mínimo são bizarros e muito hilários. Situações inesperadas como um anjo cego que desistiu de voar, uma máquina de tortura de prazer sexual, são pequenos exemplos do ambiente incrível que esta heroína encontra na aventura.

Barbarella encanta pela sua inocente sensualidade, em nenhum momento pornográfica, salientada pela ótima interpretação de Fonda. Aliás, o ponto alto do filme é na cena inicial, onde ela despe seu traje espacial, ficando completamente nua, em pleno ano de 1968, demonstrando uma forma incrível e beleza fascinante.

Facilmente taxado como um filme "B", Barbarella possui cenários extremamente simples, trucagens mal elaboradas e efeitos que hoje são literalmente brincadeira de criança. Talvez aí esteja o trunfo atual desta obra que influencia artistas do mundo inteiro até hoje, o ar alternativo que parece "zombar" da busca incansável pela perfeição técnica de ambientes virtuais.

Dos anos 60, época de efervescência cultural na França, Barbarella carrega uma trama psicodélica com uma trilha que beira o brega, ou seja, nada mais atual e divertido. Dificilmente outro momento histórico do cinema conseguiria retratar com um humor tão despojado o universo de Barbarella. Mas se colocarmos em comparação com as super produções de nossa época, o filme demonstra que um roteiro bem escrito, aquele que aceita seu próprio universo, funciona independe de qualquer pirotecnia.

Obs.: Sou um defensor da tecnologia e da computação gráfica. Mas se ilude aquele que imagina que bons efeitos seguram um filme, a história do cinema nos cansa de dar exemplos que isso não funciona.

J. Barish

Um trailer de 68!